Era um rapaz de aspecto trigueiro, forte, corado e anafado, um verdadeiro moço do baixo Alentejo. Era e é. Ainda hoje anda na sua "pasteleira", vicio que tem desde muito pequeno.
Segundo conta o David, filho do meu amigo Fernando e da sua esposa, Paula, que também é um moço forte e de aspecto trigueiro, o outro rapaz, o da bicicleta, um dia vinha nela montado cá com uma gáspia que até levantava as folhas do chão. A certa altura e aproximando-se da rotunda dos Porcos, que fica ao lado do Largo da Feira, surge um carro que também não vinha muito devagar. "Já estou tramado", pensou o moço da bicicleta numa fracção de segundo, e vai de se agarrar aos travões com unhas e dentes. O mesmo fez o condutor do carro que até deixou a estrada pintada de preto.
Perante uma cena destas, todos ficaram de olhos arregalados a ver o desenrolar da cena, todos quer-se dizer, os homens mais velhotes que ali passam a tarde à conversa, por vezes também a jogar uma partidita de dominó e que de vez em quando vão à casa de pasto do Fernando, a Tab25, molhar a goela com um copito para tirar o pó da garganta.
Voltando à cena que deixara os velhotes de queixo caído, o carro, depois de ter tingido o chão de preto, acabou por parar, quanto ao moço da bicicleta, travou tanto, tanto que a roda de trás até derrapou, tal como fazem os jumentos quando não querem entrar numa cancela.
O moço, coitado, afocinhou-se contra a rotunda.
Uma história verídica, contada em Agosto de 2006. Castro Verde, Baixo Alentejo.
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