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domingo, 10 de julho de 2011

Textículos do JPR - Poldy e o Asadelta

Perseguir, perseguir, perseguir, era o lema de Poldy, a protagonista desta história. Tudo começou quando Poldy, ávida de espionagem, decidiu ter um meio aéreo para controlar tudo à sua volta e em particular o Suão, seu inimigo figadal. Cércyo, marido e companheiro de muitos anos de Poldy era um homem com jeitinho de mãos - não interpretar mal esta frase - o jeito de mãos era para a mecânica, ferragens, ferramentas e afins. Mas dizia eu na minha narrativa, que Cércyo resolveu ajudar a sua cara-metade e assim oferecer-lhe um meio de transporte inovador para a espionagem e ao mesmo tempo rápido e económico.
Entretanto, Poldy verborreiava entre dentes " esse Suão só pensa em porcariazes de sesso e é um malandroze" e irritada dizia ainda para Cércyo "teins de ireze comigo viziar o que esse malandroze do Suão anda a fazereze". Cércyo, com a sua habitual calma retorquio "calma mulher, estou a construir um Asadelta para ires atrás do Suão Paluze". Foi então que Poldy pulou de alegria e esbracejando e gritando de felicidade disse para Cércyo "obrigadoze, mas despacha isso depressaze".
Cércyo trabalhava sem parar na sua oficina. Tinha comprado um Asadelta em segunda mão e estava a colocar-lhe alguns remendos na asa, para evitar que Poldy caísse a pique logo durante o voo inaugural. Mas Cércyo queria aplicar um motor no Asadelta, mas isto trazia-lhe um problema, sovina como era, não queria gastar muito dinheiro. Ainda se lembrou de propulsão a gás, saía baratinha pois bastava dar uma feijoada a Poldy umas horas antes da partida e pronto, nem motor era preciso. Mas... e se os gases de Poldy acabassem a meio do voo? Lá vinha a sua amada a pique por aí abaixo...
Foi então que Cércyo teve uma ideia, lembrou-se que lá na terra, ali para os lados de Vijeu, tinha um velho corta-relva a motor de que já não precisava. Meteu-se no carro com Poldy e foram ambos passar o fim-de-semana a Vijeu para trazerem o motor do corta-relva. Dito e feito.
Passados alguns dias, e depois de muito trabalho na oficina, Cércyo deu como pronta a contrução do primeiro Asadelta com motor de corta-relva alguma vez construido, e só restava testá-lo para que nada de errado acontecesse a poldy durante os voos de espionagem a Suão Paluze. Cércyo ainda dotou o aparelho de um sistema de comunicação de ondas curtas, para que Poldy lhe pudesse fazer um relato ao vivo do que estava a ver durante a perseguição a Suão Paluze.
Os testes correram bem, à excepção de um ou outro rasgão na asa esquerda, mas Cércyo reforçou bem as questuras e coisa lá ficou melhor remendada.
Finalmente chegava o grande dia para Poldy, que mal podia esperar para iniciar a espionagem a Suão Paluze, seu inimigo figadal. Uma hora antes da largada, Poldy já estava equipada a rigor para o voo inaugural: capacete de orelhas com óculos tipo piloto da Primeira Guerra Mundial; lenço vermelho ao pescoço, e um fato branco tipo macaco, daqueles que se vendem baratinhos no Aki para pintar casas; luvas de cozinha cor de rosa; e as suas habituais e inseparáveis socas nos pés. Tudo isto formava um conjunto digno de um filme americano.
Entretanto, Cércyo abastecia o pequeno depósito de combustivel do motor do Asadelta, enquanto Poldy se sentava aos comandos desta inédita máquina voadora e apertava o cinto de segurança. A cadeira adaptada, tinha sido uma daquelas de plástico que os adeptos do futebol arrancam enraivecidos quando o clube está a perder, que Cércyo tinha comprado num ferro-velho, e o cinto de segurança não passava de uma tira de lona que em tempos tinha pertencido a uma velha mochila que Poldy levava para a praia.
Chegado o grande momento, e já com motor a trabalhar, Cércyo deu um beijo de despedida a Poldy e esta ainda disse "deixe-teze dessazes porcariazes, até parecezes o Suão Paluze".
Cércyo acenava enquanto o Asadelta acelerava fumarento pela curta pista e se elevava no ar. Mesmo assim ouviam-se os gritos de Poldy "ha ha ha ha, agora é que vaisss ver como elas te mordenze Suão Paluze". E desapareceu entre nuvens...
Cércyo ficou apreensivo.
À espera.
Infelizmente tudo correu bem para Poldy e para mal da humanidade, Poldy voltou passada meia-hora...

Um comentário:

  1. Espectacular este texto,João. Criatividade levada ao máximo. Adorei ler e venham outros. Bjocas.

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